A borboleta azul

ÔZé | 2010 | Ilustrações: Sylvia Helena Boock

Dois viajantes andavam a pé pelos caminhos e descaminhos do mundo. Durante sua jornada, percorreram outros países, visitaram povos e costumes desconhecidos e atravessaram montanhas, vales, florestas e desertos. Certo dia, o sol estava  de rachar, decidiram parar para descansar o corpo. Sentaram-se debaixo de uma mangueira. O lugar era agradável e florido. Os passarinhos cantavam. Um vento morno soprava em todas as direções. A mangueira ficava na beira de um riacho cheio de pedras. Numa delas, cercada pelas águas que corriam rio abaixo, havia brotado uma flor. Cansados da longa caminhada, os andarilhos jogaram suas mochilas no chão e se acomodaram na sombra da árvore. Um deles encostou-se no tronco, esticou o corpo e adormeceu. O outro não. O que pegou no sono, logo virou-se de lado, ajeitou-se melhor, inclinou-se para trás e abriu a boca. Foi quando, por entre seus dentes, alguma coisa se mexeu. Era uma inesperada e espantosa borboleta azul. Saindo lentamente da boca do homem, a borboleta sacudiu as asas e, vacilante, partiu num voo impossível, delicado e azul.