Meu material escolar

Quinteto | 2000

Sempre gostei de papelarias. Lembro de mim pequeno, começo de ano, época de comprar material escolar, entrando nas lojas e olhando aquilo tudo.

A parte dos cadernos com suas capas coloridas. O setor dos blocos e fichas avulsas de papel. A prateleira das agendas e pastas. As estantes com envelopes, colas, tesouras, barbantes, estiletes, réguas, borrachas, etiquetas, fitas adesivas, clipes, tachinhas, elásticos e grampeadores.

Sempre gostei também daquele cheirinho gostoso, mistura de papel novo, tinta, cola e grafite.

Lembro de ficar com o nariz enfiado no vidro do balcão, admirando os vários lápis e lapiseiras, as esferográficas, os estojos de lápis de cor, os lápis de cera, as tintas e pincéis, os compassos, as canetas hidrocor e as diversas e sempre elegantes canetas-tinteiro.

Depois, quando comecei a escrever e desenhar livros, esse amor cresceu ainda mais.

Passei a freqüentar as lojas especializadas em material de desenho com seus papéis maravilhosos, com ou sem textura, de diferentes cores e espessuras, às vezes feitos de algodão puro; suas aquarelas de tubo ou pastilha; seus pincéis de pêlo de marta; seus mil lápis de cor especiais; as ecolines; os guaches; os óleos; as telas; as tintas nanquim; as canetas e penas para desenhar com nanquim; os papéis vegetal e manteiga; os pastéis secos e oleosos; carvões; godês; fitas crepe, fixadores, esquadros, discos de proporção, curvas francesas, bolômetros, réguas paralelas, escovas, potes e potinhos, pranchetas, luminárias, manequins e tudo o mais.

Foi, com certeza, do amor por esse universo riquíssimo de materiais e instrumentos que saíram as idéias para escrever e desenhar este livro.

P.S.: Para fazer os desenhos do livro, usei papel Fabriano, lapiseira com grafite, aquarela, guache e lápis de cor, sem falar da página 32, onde fiz uma colagem, e ainda do papel sulfite para os rascunhos, da borracha, do disco de proporção, do estilete, das réguas e da fita crepe.