Um homem no sótão

Ática | 2001

Prêmio Banco Noroeste/Bienal do Livro (melhor texto infantil), 1982
Menção honrosa na Bienal de Ilustração de Bratislava (Checoslováquia), 1983

Este livro é uma edição reformulada, com novo projeto gráfico e novas ilustrações. Era publicado pela Melhoramentos e agora pela Ática.

Um homem no sótão é um escritor de contos para crianças que vive recluso escrevendo histórias inclusive aos sábados, domingos e feriados. Ao iniciar um conto sobre a raposa que iria comer os patinhos, a própria raposa salta de sua cabeça para se rebelar e questionar o seu papel sempre de vilã. Mostra que é carnívora e portanto gosta mesmo de carne. Também os patinhos vêm em sua defesa mostrando que eles também não são santos, comem minhocas, peixinhos e besouros.

O escritor fica confuso diante da rebeldia de seus personagens, iniciando outra história. Novamente seus personagens se materializam e discutem seus papéis. Agora é a vez da princesa e do sapo.

O escritor cansado e frustrado de suas histórias que não se completam, resolve tirar férias e eis que ao retornar cheio de fôlego faz seu novo conto, tentando mudar o papel de uma bruxa tornando-a boa. Mas, não agradou, a bruxa surge revoltadíssima: “Com ordem de que você teve a coragem de inventar que sou boa e que isso e aquilo? Hein?”

Depois de mil confusões surgem também furiosos os anõezinhos dizendo: “Essa velha é uma praga” “até a polícia anda atrás dela! Você foi louco de escrever que ela é uma santinha”.

Assim, o escritor entra em depressão profunda e não escreve mais, nem sai de sua cama. Até que um dia ao sair da depressão e passear pelas ruas, volta ao seu sótão e escreve uma nova história que é o relato desses últimos acontecimentos de sua vida misturado à ficção de seus personagens.

As ilustrações, feitas pelo próprio autor são bonitas, entram de maneira inusitada pelas páginas, como quando o personagem principal desaba no chão e vê-se apenas suas pernas esticadas. Vários elementos do sótão ficam espalhados pelas páginas, sapatos, o cachimbo do escritor e algumas baratinhas, representando bem o momento de criação em que a pessoa fica completamente envolvida e o mundo em volta esquecido, uma confusão.

Há também um detalhe: o livro tem a numeração das páginas de trás para frente começando pela página 57, já que o fim do livro remete para o início, sugerindo uma circularidade narrativa.

(Carla Caruso apud Bibliografia Brasileira de Literatura Infantil e Juvenil – São Paulo – V.12 – P. 1-332 – 2001 Biblioteca Infanto-Juvenil Monteiro Lobato)