O sábio ao contrário

Editora do Brasil | 2014

A história do homem que estudava puns

Num reino muito distante vivia um velho sábio que passava a vida a estudar um assunto inusitado: os puns dos seres humanos e dos animais. Uma teoria fundamentava sua pesquisa: todo ser vivo solta puns e a partir deles pode-se descobrir muito sobre quem os emite.

Mesmo desacreditado, motivo de chacota dos moradores da cidade que zombavam de suas extravagantes experiências e da ciência inventada, a peidologia, o sábio não desistia de seus estudos e de seu bom-humor.

Um dia, a filha do rei daquele lugar adoeceu e ninguém conseguia curá-la. O velho sábio foi chamado e, recolhendo num recipiente de borracha os gases que a princesa moribunda soltava, pôs-se a estudá-los. Quando, finalmente, conseguiu descobrir o problema e preparar o remédio para curá-la, correu até o castelo. Lá, todos choravam, pois a princesa havia morrido. Inconformado, o sábio derramou em sua boca os medicamentos e, imediatamente, a moça se recuperou.

Durante a festa preparada pelo rei para comemorar a saúde da princesa, o sábio a pediu em casamento. Apesar da enorme diferença de idade entre eles, a princesa aceitou o pedido. Em sua primeira noite de casados, o sábio perguntou à princesa se ela havia aceito o casamento apenas por agradecimento e ela, com franqueza, lhe disse que sim.

O sábio lhe disse que sua vida estava chegando ao fim e que ele, na verdade, gostaria de lhe ensinar tudo o que sabia sobre a ciência que inventara, a peidologia. Depois de certo tempo, com os ensinamentos e a experiência transmitida pelo sábio, a princesa tornou-se uma pessoa feliz e amadurecida.

Mais uma vez o sábio lhe perguntou sobre o motivo que a fez casar-se com ele. Agora, a moça lhe respondeu que tudo estava mudado: ele fazia parte de sua vida e de tudo o que ela gostava. Dando uma cambalhota, o sábio transformou-se num jovem, revelando à princesa que, por ter cheirado os gases de um bruxo traiçoeiro, havia sido por ele enfeitiçado e que, graças a seus estudos sobre os puns e ao seu amor, havia ficado livre do feitiço.

Esta narrativa, enriquecida pelas bonitas ilustrações em branco e preto que nos remetem às xilogravuras da histórias de cordel, alia o tema bem humorado e os episódios divertidos aos comentários dos personagens sobra a vida e os valores humanos.

Boa opção para crianças com autonomia de leitura.

(Maria Silvia Pires Oberg apud Bibliografia Brasileira de Literatura Infantil e Juvenil – São Paulo – V.12 – P. 1-332 – 2001 Biblioteca Infanto-Juvenil Monteiro Lobato)